sexta-feira, 30 de março de 2012

Jardim da Amnistia Internacional


Numa breve cerimónia com a presença da vereadora da cultura, Catarina Vaz Pinto e da Presidente da Amnistia Internacional Portugal, Lucília-José Justino, foi hoje inaugurado o jardim da Amnistia Internacional. A placa foi descerrada ao som de “O Jardim da Paz”, poema que Teresa Rita Lopes escreveu para a ocasião.


O Jardim da Paz

                                                  Teresa Rita Lopes


Há palavras que rimam pelo som e pelo sentido:
flor amor fervor.
                              Estou certa de que o Primeiro Homem
ofereceu uma flor à Primeira Mulher.
                                                            E sempre os jardins
foram símbolo de beleza e de benevolência
                                                                     sítios onde
o homem esquece que é  mortal e feroz
                                                               e fere e mata
quando calha.
                       Nos jardins o corpo e a alma dão as mãos
e longamente namoram
                                      a ouvir os pássaros.
                                                                      Nas cidades
os jardins são a casa dos pássaros.
                                                       Os jardins são como
a poesia: as palavras que os dicionários arregimentam voam
de lá
        como borboletas
                                    e poisam na folha branca a compor
o poema
               segundo uma ordem que ninguém sabe quem deu.
Se as prisões fossem jardins as pessoas saíam de lá melhores
e não piores como sempre acontece.
                                                          Se os quartéis fossem
jardins
            as espingardas seriam entupidas com cravos
como numa revolução de que todos nos orgulhamos.
Sempre o homem situou num jardim o Bem e a Felicidade.
Já temos o jardim do Éden, agora passaremos a ter também
o Jardim da Paz:
                           este que aqui viemos baptizar.
Amnistia e paz não rimam com flor pelo som
                                                                          mas rimam
ah sim! pelo sentido!                 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Carta da Amnistia Internacional Portugal para MAI e PSP, a propósito da atuação de ontem da PSP


Eis, em síntese, as principais linhas da carta endereçada hoje, 23 de março, pela Secção Portuguesa da Amnistia Internacional ao Senhor Ministro da Administração Interna, com conhecimento para o Senhor Diretor Nacional da PSP:

A Amnistia Internacional Portugal solicitou ao Senhor Ministro que, no decurso da investigação por ele hoje anunciada, se apurem com a maior brevidade possível os exatos termos em que decorreu a atuação de ontem da PSP, na sequência da greve geral e das respetivas manifestações de rua em Lisboa, e que à luz do que foi publicamente divulgado pela comunicação social, nos parece verdadeiramente condenável.

De facto, e de acordo com a informação disponibilizada através da cobertura noticiosa, tivemos conhecimento de eventos que, no entender da Amnistia Internacional Portugal, consideramos preocupantes - o uso da força por parte de alguns agentes da PSP pareceu-nos, se não excessivo, pelo menos francamente desproporcional em relação à atuação dos manifestantes.

Essa atuação merece-nos, igualmente, forte reprovação quando está em causa o trabalho de jornalistas. De facto, e segundo o relato dos media sobre os eventos de ontem, pelo menos dois profissionais da comunicação social, um da agência de notícias Lusa, outra da Agência "France Press", foram agredidos e impedidos de desempenhar o seu trabalho na zona do Chiado, mesmo tendo-se identificado como jornalistas e apesar de, segundo relataram aos media, não terem tido qualquer atitude de provocação ou hostilidade em relação aos agentes do Corpo de Intervenção da PSP presentes no local. No caso do fotojornalista da Lusa e segundo a própria empresa, houve necessidade de assistência hospitalar, por ferimentos resultantes da atuação policial.

Por fim, também na cidade do Porto, e segundo a informação veiculada pelos órgãos de comunicação social, várias pessoas foram agredidas por agentes da PSP na Praça Carlos Alberto, pouco depois de o Primeiro Ministro ter sido recebido por manifestantes em protesto na Reitoria da Universidade. Os relatos referem inclusive a presença de agentes da PSP "à paisana".


Amnistia Internacional Portugal

segunda-feira, 19 de março de 2012

Leitura de poemas de Liu Xiaobo


Rita, aluna do 9º Ano da Escola da Terrugem, Sintra, lendo um dos poemas de Liu Xiaobo, no âmbito da campanha da Amnistia Internacional a favor da libertação imediata e incondicional do Pémio Nobel da Paz de 2010 (foto de Conceição Marques)

Meu amor, o meu cão morreu

(Para o Mindinho)

Meu amor, o meu cão morreu.
Morreu numa tarde após a minha partida.
Morreu sob a fivela do cinto do meu pai.
Morreu sob a mentira vermelha.

Meu amor, o meu cão chamava-se Tigre,
o companheiro mais íntimo da minha infância,
as alegrias e tristezas que partilhámos
ultrapassam de longe tudo o resto.

Naquela tarde, o meu pai inesperadamente
comprou-me um bilhete para o cinema.
O meu pai totalmente devotado à revolução
conseguiu comover-me pela primeira vez.

Esta comoção durou apenas noventa minutos,
a mentira cruel dilacerou-me,
o meu cão morreu.
Morreu sob a primeira emoção do amor paternal.

A sua carne foi dividida com o vizinho,
a sua pele esticada e pendurada na porta da casa.
O Tigre outora vivo
abraçava agora a rígida e fria porta.

O meu cão morreu
e assim murchou a minha infância.
Já podia dirigir-me a este mundo pérfido
com uma única frase: não scredito mais.
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Minha querida Xia, conseguirás trazer-me
de volta o meu cão?
Eu acredito: tu consegues.
Certamente consegues. Certamente.

14 de novembro de 1996

WorlWideReading on 20th 2012 - Day of the Political Lie Freedom for Liu Xiaobo
For more information look at www.literatufestival.com


O BLOG19 publicará nos próximos três dias outros três poemas de Liu Xiaobo.

sábado, 17 de março de 2012

Grupo 19 lê poemas de Liu Xiaobo


A Amnistia Internacional Portugal - Grupo 19 | Sintra associou-se, juntamente com outras estruturas portuguesas da AI, ao Festival Internacional de Literatura de Berlim numa iniciativa que tem como objetivo sensibilizar as pessoas para a situação de Liu Xiaobo, prémio Nobel da Paz de 2010, e ativista de direitos humanos. A iniciativa consiste em sessões de leituras, em 105 cidades de 40 países, de poemas e textos de Liu Xiaobo.

A estrutura sintrense iniciará já na segunda-feira, dia 19, no Agrupamento de Escolas do Alto dos Moínhos, Terrugem, a leitura dos poemas.

Para saber mais sobre Liu Xiaobo e exigir a sua libertação, clique aqui.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Grupo 19 adopta caso de Aayat Al-Qormosi


Aayat Al-Qormozi é uma estudante de 20 anos da Universidade do Bahrein, que se encontra em risco de ser presa por ter escrito e declamado poemas críticos do seu governo durante uma manifestação.

Quando participava num comício pró-reforma na capital do Bahrein em 2011, Aayat leu um poema feito por ela que criticava o rei e no dia seguinte leu novamente em público um poema criticando, desta vez, o Primeiro-Ministro.

A Amnistia Internacional Portugal - Grupo 19 | Sintra adoptou o caso de Aayat Al-Qormosi. Junte-e ao nosso trabalho a favor da estudante assinando a petição que pode encontrar aqui.